quinta-feira, dezembro 26, 2013

O BRANCO QUENTE DA SAUDADE



Neva, intensa e brancamente, hoje. Vejo-a cair lentamente, tão suave, e sorrio. Adoravas neve, o frio imaculadamente gélido, pai.
Queres açúcar, perguntavas-me tu. Claro que sim, respondia eu, mas desse açúcar. Corre para cá. 
Amava estas nossas conversas, docemente quentes, pai. Fisicamente acabaram. Mas em mim, em mim viverão sempre. Afagando-me o coração, que sangra, fazendo-me sorrir.
Neva, intensa e brancamente, hoje.
Como é bela, simplesmente bela, a neve. Deliciosamente bela, qual algodão doce enrolado.
Tenho saudades, também da neve, pai.
E neva, mais ainda. Neva em mim, intensamente forte, adoçando-me a saudade. Quanta candura pai. Quanta saudade nessa candura, friamente bela, pai.
Hoje neva. E eu sorrio, lembrando-me carinhosamente de ti. 
Porque a saudade, mesmo nevando, também aquece.

Baseado em factos reais