sexta-feira, junho 23, 2023

SANTOS POPULARES XVI

 



Em noite de S. João

Há tantos balões no ar

Muito fogo de artifício

E a Mel sempre a ladrar.


Quase que me esquecia

De a tradição manter

Mas ainda vim a tempo

De no Auxiliar escrever.


Um martelo, dois martelos

Três martelos a martelar

Um copinho de sangria

E um manjerico pra cheirar.






sexta-feira, agosto 05, 2022

DO PÓ VIEMOS, AO PÓ VOLTAREMOS

No dia de hoje mas há 4 anos, dia da Nossa Senhora das Neves, diante dos meus e de muitos outros olhos, o teu caixão desapareceu. Deu lugar a uma outra caixa, bem mais pequena, que alguém que te ama guardou.

Eu guardei-te numa outra: aquela que trago dentro do peito.

 


quinta-feira, junho 16, 2022

SANTOS POPULARES XV

 

A tradição já vem longa
E eu gosto de rimar
Por isso estas palavras
Aqui no Auxiliar

Retomam-se os arraiais
Com toda a dedicação
Não faltem os manjericos
E as sardinhas no pão

Está um calor do carago
E ainda nem é verão
Que esteja também assim
Na noite de S. João

Em Lisboa já foi festa
No Porto há-de chegar
Faz lá também tu uma rima
Ao teu Santo Popular


segunda-feira, junho 06, 2022

À PROCURA DE SENTIDO

Não sabe explicar o porquê mas sempre que por ali passa o seu olhar é para aquelas paredes em ruínas.

Que histórias têm elas para contar? Que silêncios se ouvirão do seu interior agora exposto aos ruídos do presente? Será que quem lá morou foi feliz?

Que energia é aquela, afinal, que atrai tanto os seus olhos como a sua mente?

A verdade é que tudo ao redor daquela que outrora foi uma casa, um lar, é maravilhosamente calmo, harmoniosamente belo. E isso faz com que fantasie em como seria preencher aquela área circunscrita por tão bonitas pedras, ainda que gastas pelo tempo.

Foi naquela terra que os seus avós construíram a sua morada. Uma vida que nunca conheceu mas que lhe é familiar, pelas histórias que ouve e pelo que a imaginação lhe permite visualizar. A avó que de facto nunca viu, a não ser no retrato pendurado em casa dos pais, mas de quem sempre ouve dos outros rasgados elogios e com quem dizem ter semelhanças. Engraçado, pois quando observa o dito retrato, consegue ver o mesmo olhar triste e perdido que costuma ver ao espelho. O avô, que tão amigo foi na sua infância, de quem tanto gosta e de quem tem tantas e tão boas recordações. O avô de quem tantas saudades tem.

Mas às vezes as saudades também são do que nunca aconteceu, das pessoas que nunca conhecemos, da vida que nunca vivemos. E às vezes as saudades toldam-nos a visão, para além do coração. Às vezes as saudades não nos deixam pertencer a lado nenhum.

Talvez seja apenas isso, saudades de um passado inexistente mas que lhe faz falta. Um passado que seja um porto de abrigo no futuro, porque no presente… bem, no presente a tempestade de pensamentos é constante e o agitar dos sentimentos não permite que ancore.

Talvez seja por isso que aquelas pedras lhe são tão chamativas, pois apesar da passagem do tempo continuam firmes, agarradas àquela terra que tanto queria sua.

domingo, junho 13, 2021

SANTOS POPULARES XIV


Santo António, meu querido
Preciso da tua ajuda
Ilumina o meu caminho
Como a noite a é pela Lua

S. João, se tu quiseres
Em vez dos balões no ar
Combina com pirilampos
E faz a tua noite brilhar

Agradecida serei
Por toda a luz que encontrar
Por isso, amigo S. Pedro
Também podes ajudar

Não podia terminar
Sem desejar também
Que toda esta luz necessária
Possa chegar mais além 
(vai mesmo ficar tudo bem?)

sexta-feira, junho 12, 2020

SANTOS POPULARES XIII



Este ano é bem diferente
O mês dos nossos Santinhos
Raios parta a pandemia
Que nos quer afastadinhos.

Com Covid ou sem Covid
Os Santos quero lembrar
Por isso aqui vim eu
A época registar.



sexta-feira, março 27, 2020

NUNCA IMAGINEI

27 de Março de 2020, dia de aniversário deste espaço:14 anos.
Quando criei este espaço foi com o intuito de deixar memórias gravadas para mais tarde recordar.
Nunca imaginei (como podia?!) que parte dessas memórias pudesse ser o relato de um filme de ficção científica a acontecer na vida real - COVID19.
O mundo foi infectado e estamos em guerra contra um inimigo invisível. É o que dizem, é o que vemos, é o que sentimos. As bombas são as notícias duras que todos os dias nos entram pela casa adentro: morte e mais mortes, infectados e mais infectados; alguns recuperados, felizmente!
Nunca na minha vida imaginei (como podia?!) que fosse possível haver uma lista de espera para fazer funerais. E isso bateu-me forte. Já chorei por quem não conheço e rezo todos os dias para que não chore por quem conheço, apesar do bicho já ter tocado em quem gosto de ter como um dos meus. Porque é duro. Muito duro.
Não foi de pandemia mas foi quase da mesma forma Serafim... que saudades tenho de ti, meu irmão! O que tu dirias disto tudo? O nosso pai diria "eu bem vos disse que ainda voltariamos aos tempos antigos, não disse?!".
Foram-se os abraços, foram-se os beijos. E tudo por respeito. Por amor.
Assim se vive em Portugal e no mundo neste início de 2020. Até quando?

quarta-feira, junho 12, 2019

SANTOS POPULARES XII


Mais um ano se passou
Sem vir ao Auxiliar
Abençoados Santinhos
Que sempre me fazem voltar.

Sardinhas e manjericos
Anda o cheiro pelo ar
Festas e bailaricos
É hora de festejar.

Entre marchas e balões
E casamentos singulares
Só nos resta gritar bem alto
VIVAM OS SANTOS POPULARES!!!


quarta-feira, junho 13, 2018

SANTOS POPULARES XI


Em dia de Santo António
E por alguém me lembrar
Aqui venho eu de fininho
Escrever no Auxiliar.

Feriado num Domingo
Reservou o S. João
É como tudo na vida
Uns gostam e outros não!

S. Pedro e quanto à chuva
Podes fazer o favor
De fechar a torneirinha
E permitir o calor?


Carla, parece-te bem?!

segunda-feira, julho 31, 2017

Os dedos trémulos pousados sobre o teclado, o cursor a viajar sobre o botão ENVIAR e o coração mais apertado que umas coxas 40 metidas num tamanho 38. Teresa sabia bem das consequências que poderiam advir daquele impulso que faltava dar ao seu indicador direito e se por um lado tinha a certeza de ser sua obrigação fazê-lo, por outro pensava que talvez... talvez não fosse assim tão boa ideia. Mas como ocultar os factos? Pior, como viver com os factos ocultados? Já és uma menina grande, dizia a sua consciência, por isso porta-te como tal!

- Em que pensas, querida?
Teresa deu um salto na cadeira e acordou do seu estado de transe.
- Assustei-te?
- Não, amor! Eu é que estava distraída. Chegaste cedo!
- Ficámos de ir jantar a casa dos teus pais, lembras-te? E já estamos atrasados! Sabes como a tua mãe fica quando os fazemos esperar...
Teresa baixou a janela da caixa postal, fechou o portátil e saiu apressada com o marido.


De hoje não passa, pensava Teresa enquanto olhava através da janela do táxi que a conduzia a casa. De hoje não pode passar. E instintivamente, acariciou a barriga que não tardaria, começaria a crescer.


Foi Duarte quem fez o envio. Os 5 meses passados desde o acidente permitiram-lhe a tranquilidade para o fazer. A dor que sentiu no malfadado dia em que abriu aquela janela guardada à pressa e leu a traição de que tinha sido alvo ainda lá estava, nunca o deixaria tinha a certeza. Mas  a visão diária da sua Teresa, deitada naquela cama de hospital, imóvel e inconsciente, ligada a uma parafernália de tubos e máquinas, portadora de vida, a vida que ele nunca conseguiria gerar, já que sabia não poder ter filhos, e que crescia a olhos vistos, fê-lo pensar que havia ali um pequeno ser que merecia a verdade. Um ser que ainda antes de nascer o ensinou a colocar o orgulho, a raiva e o ciúme de lado e a ter um gesto de grandeza humana: permitir a um pai saber que o é.


(escrito a 3 de Outubro de 2013)

terça-feira, junho 16, 2015

SANTOS POPULARES X


O Santo António já se acabou
O S. João está quase a chegar
Quem fecha a porta é S. Pedro
Que vem em último lugar.

O Zambujo vem ao Porto
Como eu o queria ir ver!
Mas a cena dos martelos...
Diz o meu nariz: não pode ser.

E conta-se já uma década
Aqui, a lembrar os Santinhos
Já que não escrevo mais nada
Ficam aqui os versinhos.

Anda alguém por aí
Que também queira rimar?
Aqui ou no Facebook
As quadras podem deixar.

sexta-feira, março 27, 2015

NOVE ANOS



Em dia de aniversário,
Convém sempre festejar.
Apesar de solitário,
Quero as velas apagar.

Tens sido o meu diário,
O meu bloco de anotar,
O meu instrumento auxiliário,
De memórias a lembrar.

E porque és uma parte de mim, 
Ou apenas porque...sim!,
Não te vou deixar morrer.

Mesmo não sendo diariamente,
Mesmo sendo parcamente,
Vou-te continuar a escrever.

quinta-feira, novembro 06, 2014

CAMINHO DE LUZ


Ainda o despertador não tinha soado e já Alice estava de olhos abertos. No entanto, confusamente, ainda não tinha percebido se estaria realmente acordada ou se estaria a sonhar: pousada sob as suas mãos, inexplicavelmente, encontrava-se uma pedra imensamente colorida, emitindo uma luz que parecia querer entrar-lhe pelos olhos, esbugalhados, adentro: assustador e misterioso ao mesmo tempo, qual caleidoscópio depositado no seu leito.
Na cabeça de Alice, que ficara imóvel admirando aquele arco-íris compactado, pululavam perguntas ensurdecedoras. Porém, à frente dos pontos de interrogação somente um vazio silencioso. Se não estava a sonhar, a realidade estava muito, muito estranha…
Um tanto ou quanto a custo, levantou-se e abriu a janela. A pedra, instantaneamente, tornou-se ainda mais brilhante. Alice parecia hipnotizada. Olhou, mirou, procurou, voltou a olhar e, quase sem dar por isso, estava a percorrer um corredor de cores; cores fortes, quentes e inebriantes. Sentiu-se leve, livre, com o coração a transbordar de felicidade. E foi no momento em que sentiu os pés a deixarem o chão e as pontas dos dedos das mãos a tocarem o céu que, finalmente, percebeu: os seus sentimentos estavam condensados naquela pedra. Daí a cor, daí o brilho, daí a luz. O que do seu coração transbordou, talvez por obra do Espírito Santo, acabou por ser reunido naquela pedra. 
Uma porta. Havia agora uma porta. Alice abriu-a, entrou, e fechou-a nas suas costas.
Raul sabia que tinha chegado a hora. Olhou uma última vez o rosto inerte de Alice - queria guardar aquela imagem de paz relaxante para todo o sempre.
Agora sim, podiam , finalmente, fechar o caixão.

quinta-feira, outubro 23, 2014

POR TUDO, POR NADA.



Chorava por tudo e sobretudo por nada, quando a vida estava boa e quando estava lixada. Quase da mesma forma como nos queixamos do clima: ora porque está sol, ora porque está neblina.

Chorar faz bem à alma. – dizia sua mãe, a bondade em pessoa, com alguma comiseração.
Chorar é para maricas. – dizia seu pai, no seu tom autoritário, sem nenhuma consideração.

Desde sempre fora assim: menino choramingão; rapaz de lágrima fácil; homem sensível. E não é que às vezes dava um jeitaço! Já outras... era terrível. 
Havia mulheres que, por isso, o achavam encantador. Outras porém, como Clarice ­- o seu grande amor (platónico, diga-­se) – achavam que não era normal tanta choraminguice; alguma disfuncionalidade deveria existir, então não seria normal, neste tipo de coisas, o homem fingir? Toda a gente sabe que os homens escondem aquilo que sentem e que são traidores e que mentem.
Já no mundo masculino, um mundo bem mais pragmático, era tido como bera, mas que quando bem-disposto vê-­lo chorar de rir era uma risota, lá isso era.

Difícil viver-­se assim ­- a luta uma constante: uma cabeça, completamente no sítio, prática que só visto, que dizia que não podia chorar; um coração, enorme de nascença, lamurioso por
contingência, teimoso em a contrariar – mas... enfim, as lágrimas procuravam liberdade, não se seguravam nas pálpebras superiores, tinham vida própria, não faziam favores. E rolavam, rebolavam, muitas vezes em catadupa, outras de uma forma menos abrupta, docemente até, na face deste homem que teimava em chorar, por tudo e por nada, e que não conseguia, ele próprio, perceber aquilo que é: um homem de lágrima fácil? um menino sensível? um rapaz choramingão?; vá lá saber-­se a resposta a tão difícil questão.

quinta-feira, outubro 16, 2014

UM PEQUENO MILAGRE


Naquela manhã, Leonor acordara agitada. Há muito que esperava por uma oportunidade de emprego e esta entrevista, que o seu grande amigo de sempre – Manuel – lhe havia arranjado, não podia ter chegado em melhor hora: estava falida.

Saiu de casa apressada com apenas um copo de leite no estômago; não queria, de maneira nenhuma, chegar atrasada e, a bem da verdade, nem que quisesse, não tinha forma de tomar um pequeno-almoço mais nutritivo.

Foi durante a sua corrida para o metro, já bem perto da estação, que os seus olhos se cruzaram com um envelope vermelho, perdido no chão. Baixou-se, apanhou-o e meteu-o na mala. Foi já dentro do metro que o examinou. Não tinha: nem remetente, nem destinatário; mas estava bem fechado, apesar do volume. Pensou se deveria abri-lo ou não. Se por um lado achava que não o devia abrir, porque não era para si, por outro pensava que se não o abrisse não saberia o que fazer com ele. Resolveu abri-lo: um maço de notas de 10€, praticamente novas, acompanhadas de um bilhete: faça bom uso dele. Contou-o: 50 notas – 500€! Será que o tinham perdido? Será que o tinham deixado cair de propósito? Sorriu e voltou a guardá-lo.

A entrevista correra bem: tinha conseguido o emprego. Leonor estava feliz. Ao fim de três anos e meio no desemprego voltaria à vida activa. E com um bónus: o valor do salário era muito superior ao que estava à espera. Decidiu passar no trabalho de Manuel; queria agradecer-lhe.

Manuel ficou feliz por Leonor que sabia estar a precisar, desesperadamente, de um trabalho. Mas foi quando Leonor lhe entregou na mão um envelope vermelho, que os seus olhos lacrimejaram. Para comprares o adaptador de alimentação que a tua Joana tanto precisa. – disse-lhe, no meio de um abraço apertado.

sexta-feira, junho 13, 2014

SANTOS POPULARES IX


Pelo segundo ano seguido alguém me lembra da tradição: obrigada, Carla Abílio (esta cabecinha já não é mesmo o que era...)
Quem quer ajudar a mantê-la?
 Venham de lá essas rimas!

Aqui ficam as minhas:


Junho, mês dos Santos Populares
E de post obrigatório, aqui, no Auxiliar
Pela nona vez consecutiva
Desafio-vos a rimar.

Aos Santos este ano peço
Que acompanhem o Mundial
Ajudando a Selecção das Quinas
A não nos deixar ficar mal.



quinta-feira, março 27, 2014

DIA DE ANIVERSÁRIO


8 anos de existência. 8 anos de persistência.


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E porque este ano ainda nem aqui tinha vindo - VERGONHA - deixo um beijo:

Os seus lábios aproximaram-se, lentamente, como que acendendo uma fogueira num dia frio de inverno. Ele hesitou. Ela avançou: roçou os seus lábios, vermelhos e carnudos, nos dele, tímidos mas prometedores. Ele estremeceu mas ela não desistiu. Aproximou-se ainda mais e deixou que a voluptuosidade da sua boca o cativasse. Ele não prestou resistência: deixou-se envolver no deleite proporcionado, qual cigarra em dia escaldante de verão. A língua dela, molhada e atrevida – ela sabia bem do que era capaz -, evidenciou-se num crescendo cada vez mais notório na boca dele, deixando-o extasiado. Ali, naquele momento, ele soube o que era um beijo.

(é no que dá ter aulas de escrita)

quinta-feira, dezembro 26, 2013

O BRANCO QUENTE DA SAUDADE



Neva, intensa e brancamente, hoje. Vejo-a cair lentamente, tão suave, e sorrio. Adoravas neve, o frio imaculadamente gélido, pai.
Queres açúcar, perguntavas-me tu. Claro que sim, respondia eu, mas desse açúcar. Corre para cá. 
Amava estas nossas conversas, docemente quentes, pai. Fisicamente acabaram. Mas em mim, em mim viverão sempre. Afagando-me o coração, que sangra, fazendo-me sorrir.
Neva, intensa e brancamente, hoje.
Como é bela, simplesmente bela, a neve. Deliciosamente bela, qual algodão doce enrolado.
Tenho saudades, também da neve, pai.
E neva, mais ainda. Neva em mim, intensamente forte, adoçando-me a saudade. Quanta candura pai. Quanta saudade nessa candura, friamente bela, pai.
Hoje neva. E eu sorrio, lembrando-me carinhosamente de ti. 
Porque a saudade, mesmo nevando, também aquece.

Baseado em factos reais


terça-feira, outubro 29, 2013

HOJE

Hoje, pela primeira vez na minha vida, assisti a uma tentativa de reanimação por parte do corpo médico do INEM. Houve um acidente grave entre um carro e uma moto. Um homem deitado no chão, entubação, massagens cardíacas. Não resultou.
Hoje há um filho, talvez pai também, um marido ou namorado, que não vai chegar a casa. Porque houve um estúpido acidente.
Hoje fiquei impressionada. É que a vida, de facto, pode acabar num segundo. E tanto que fica por dizer... e tanto que fica por fazer...

sexta-feira, agosto 23, 2013

LUA ADVERSA

(foto minha na barragem da Estevaínha em Alfândega da Fé)

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles

quinta-feira, agosto 15, 2013

15 DE AGOSTO

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava,
Nem homens cortaram veias,
nem o sol escureceu,
nem houve estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

P'ra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha mãe...

José Régio

sexta-feira, julho 19, 2013

RETEMPERAR FORÇAS

Porque o corpo não é de ferro e a cabeça também precisa de descanso.

quinta-feira, junho 13, 2013

SANTOS POPULARES VIII

Hoje já é dia 13
Dia de Santo Antoninho
É uma data perfeita
Pr’animar este cantinho

Um bocado ao abandono
Mas porém nunca esquecido
Pois mesmo que eu não me lembrasse
Alguém me falou ao ouvido.

Minha querida Carla Abílio
Este ano haverá quadras, sim senhor
É que os Santos Populares
Adoram este louvor

Soltem por isso a veia poética
Que quem rima bem não é gago
E pra que sejamos muitos
Até no facebook publicito

sábado, março 30, 2013

CANSAÇO


O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas - 
Essas e o que faz falta nelas eternamente - 
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: 
Porque amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço.

Álvaro de Campos

quarta-feira, março 27, 2013

PARABÉNS, AUXILIAR!



E passou mais um ano. Fraco em escrita, publicações e visitas. Mas o tempo é assim, não se padece com nada e simplesmente passa. Não que este ano não tenha tido coisas para partilhar. Eu é que tenho andado ausente de muita coisa, da própria vida até, algumas vezes. Mas como hoje ainda me disseram e já que somos todos de luas, pode ser que a lua mude.

terça-feira, março 19, 2013

DIA DO PAI

As flores que lhe deixei no domingo, não substituem, de forma alguma, o telefonema que hoje gostava de lhe ter feito. Mas prás flores ainda tenho um endereço. Para o telefonema, já não há receptor...

Um grande beijo Pai, aonde quer que esteja. Olhe por mim que eu ando a precisar.


domingo, dezembro 16, 2012

NÃO ME ENGANEI

Ao primeiro olá olham-me desconfiados. Principalmente os meninos. Segue-se uma espécie de 'envergonhamento'. Mas com o decorrer da conversa lá me vão dizendo os nomes. E sorriem. Sorrisos abertos, autênticos, bonitos. Sorrisos que me fazem sorrir. Foi o querer ver estes sorrisos que me fez chegar aqui. Porque agora posso dizê-lo, o sorriso destas crianças enche-me o coração.






sexta-feira, dezembro 07, 2012

PAI - PARA AMAR INFINITAMENTE

Felizmente são muitas as recordações boas que ficam. Porque sempre tivemos muitos momentos bons pra viver, apesar dos maus.

UM ATÉ JÁ

Há coisas para as quais nunca estamos preparados.
Mesmo quando pensamos que sim.
O meu pai partiu. Para um sítio melhor, quero acreditar.
Mas mesmo nestas alturas, há coisas pelas quais devemos dar graças. O meu pai foi poupado a muito sofrimento. E isso, acalma-me o coração.
Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas. É nisto que eu quero, preciso e vou acreditar. Só assim fará  algum sentido pra mim aceitar o facto de isto ter acontecido comigo longe de tudo e de todos.
E mesmo que alguns dos que eu amo não me entendam, é a isto que me vou agarrar com unhas e dentes. Porque sempre estive nas horas importantes. Nas boas e nas más. Nas pequenas e nas compridas. E se agora não estou... é porque não devia estar.
Sempre achei que o importante é a vida. Estar presente nas vidas. Mesmo que essa presença possa não ser física o tempo todo.
Já a morte... vou pensar que é apenas um até já.
Até já, Pai!

terça-feira, novembro 27, 2012

E A AVENTURA COMEÇA

Dizem que só custa a primeira vez.
E que depois até se lhe apanha o gosto.
A ver o que o futuro me reserva.